23 de abril de 2016

Dois relatórios da rede EURYDICE

Da Direcção Geral das Estatísticas da Educação e da Ciência, representante em Portugal da rede comunitária EURYDICE, recebemos dois relatórios cuja importância nos merece aqui uma referência.
O primeiro deles, Tackling Early Leaving from Education and Training in Europe (EC/EACEA/ Eurydice/ CEDEFOP 2014), que pode ler-se na íntegra aqui, aborda o problema do abandono precoce da educação e da formação (APEF). Trata-se de uma questão de especial importância para Portugal uma vez que, apesar do progresso verificado, o país ainda se situa na 5ª pior posição no contexto da União Europeia (U.E.) relativamente a este indicador. De entre os factores que contribuem para o APEF em Portugal destaca-se o nível educacional dos pais, inversamente correlacionado com o abandono, e o sexo do aluno, sendo que a incidência do abandono é maior no sexo masculino. Especialmente associada com o APEF encontra-se, entre nós, a verificação de pelo menos uma repetência na trajectória escolar anterior: cerca de 34,3% de quem abandonou precocemente a escola encontrava-se nesta situação, segundo os dados PISA 2012.
Não se estranhará, assim, que uma das principais medidas de intervenção pública para combater o abandono precoce da educação e formação consista precisamente no combate à reprovação, mas também a formação de professores passou a incluir preparação específica para fazer face ao problema através de actividades de tutoria, mentorado e orientação vocacional. Dada a natureza multifacetada dos determinantes do APEF, a interacção entre diferentes áreas de intervenção pública – educação, saúde, mercado de trabalho… - tem vindo a ser apercebida como importante condição de sucesso, iniciando-se a consagração legislativa de uma tal interacção. Ainda no que ao nosso país diz respeito, são ainda de destacar as comparações entre o APEF no ensino regular e no vocacional, bem como uma análise das limitações da informação primária com base na qual se tem vindo a medir o abandono precoce da educação e formação.
O segundo relatório, Entrepreneurship Education at School in Europe. National Strategies, Curricula and Learning Outcomes (EACEA 2012) encontra-se igualmente disponível on line (http://eacea.ec.europa.eu/education/eurydice/documents/thematic_reports/135en.pdf). Tem como tema central a análise comparada, entre os diferentes EEMM, dos progressos registados em termos de formação para o empreendedorismo e a forma como esta se integra nos diversos curricula dos ensinos básico e secundário. Constatamos que, relativamente à situação em Portugal, ainda nos encontramos numa situação bastante embrionária, sendo aquele tipo de formação facultativo e com alguma expressão apenas nos programas das disciplinas de ciências sociais. É especialmente notória a ausência de uma estratégia nacional para a educação para o empreendedorismo, sendo que mesmo no domínio mais limitado da literacia financeira o país apresenta ainda grandes debilidades.

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