Quando o poder esconde a informação…
A inexistência neste relatório de informação relativa a Portugal em domínios chave da análise conduzida tem de ser sublinhada criticamente. Esta falha é particularmente significativa nos seguintes domínios:
A inexistência neste relatório de informação relativa a Portugal em domínios chave da análise conduzida tem de ser sublinhada criticamente. Esta falha é particularmente significativa nos seguintes domínios:
- o da mobilidade educativa intergeracional, indicador que vem revelando verificar-se no nosso País uma elevadíssima taxa de persistência, ou inércia intergeracional, no ensino superior. Importante indicador de desigualdade – a probabilidade de se deter o ensino superior depende muito, em Portugal, da geração anterior ter obtido uma licenciatura… - é de esperar que tenha vindo a agravar-se muito com a crise, mas a última informação que disponibilizámos para a OCDE refere-se a 2010;
- o da educação da população adulta, domínio quase completamente a descoberto neste relatório anual, como de resto nos dois anteriores. É bem sabido como este importante aspecto educativo foi totalmente desprezado pelo governo que acaba de cessar funções: perante a incapacidade de conceber uma verdadeira estratégia educativa da população adulta, não só se destruíram as aquisições anteriores sem as ter submetido ao indispensável exercício da crítica, como nos furtámos a participar em inquéritos e surveys internacionais a que anteriormente tínhamos aderido, como o PIACC (OECD Survey of Adult Skills);
- o relativo aos efeitos não económicos da escolaridade, como a participação cívica e em voluntariado, a auto percepção sobre as condições de saúde e sobre a capacidade de ter “voz”, por exemplo. Trata-se de aspectos que só recentemente vêm sendo abordados pela OCDE, por pressão das correntes de pensamento alternativas ao mainstream, e para a qual seria importante que o País contribuísse com informação;
- a da percepção dos detentores de um diploma de ensino superior sobre o grau de maior ou menor inovação associado à profissão desempenhada, em várias áreas de actividade incluindo o ensino. Tanto quanto conseguimos saber, este aspecto constitui uma novidade neste tipo de análises desenvolvidas pela OCDE e teria sido importante que tivéssemos aderido ao correspondente inquérito realizado por aquela organização.
Bem se percebem as razões pelas quais o governo da coligação PSD – CDS descontinuou a participação do País em importantes inquéritos e análises sobre o estado da educação em Portugal e, do mesmo modo, interrompeu a transmissão para as organizações internacionais de informação relevante.
Com a promessa de devolução de uma educação verdadeiramente democrática por parte do actual governo, a qual não se consegue sem o cultivo sistemático da transparência da acção pública, só podemos esperar que aspectos como os que acima exemplificámos venham a conhecer a devida iluminação e o correspondente tratamento.
- o relativo aos efeitos não económicos da escolaridade, como a participação cívica e em voluntariado, a auto percepção sobre as condições de saúde e sobre a capacidade de ter “voz”, por exemplo. Trata-se de aspectos que só recentemente vêm sendo abordados pela OCDE, por pressão das correntes de pensamento alternativas ao mainstream, e para a qual seria importante que o País contribuísse com informação;
- a da percepção dos detentores de um diploma de ensino superior sobre o grau de maior ou menor inovação associado à profissão desempenhada, em várias áreas de actividade incluindo o ensino. Tanto quanto conseguimos saber, este aspecto constitui uma novidade neste tipo de análises desenvolvidas pela OCDE e teria sido importante que tivéssemos aderido ao correspondente inquérito realizado por aquela organização.
Bem se percebem as razões pelas quais o governo da coligação PSD – CDS descontinuou a participação do País em importantes inquéritos e análises sobre o estado da educação em Portugal e, do mesmo modo, interrompeu a transmissão para as organizações internacionais de informação relevante.
Com a promessa de devolução de uma educação verdadeiramente democrática por parte do actual governo, a qual não se consegue sem o cultivo sistemático da transparência da acção pública, só podemos esperar que aspectos como os que acima exemplificámos venham a conhecer a devida iluminação e o correspondente tratamento.