No começo de um novo ano escolar, não é supérfluo reflectir sobre a finalidade última da acção educativa e o papel primordial que cabe a educadores, professores, gestores e demais técnicos ao serviço da educação.
Não questiono a necessidade de bem cuidar das tarefas específicas nos vários e distintos domínios particulares do conhecimento, da organização e da gestão dos recursos, mas creio que vale a pena sublinhar quão importante é a tomada de consciência da finalidade última do projecto educativo de cada comunidade educativa e, consequentemente, a necessidade de o definir, pôr em prática e avaliar.
Numa leitura recente, deparei com um texto de Frédéric Lenoir (Le bonheur – un voyage philosophique, 2013) em que este autor dá destaque ao conceito de educação segundo Montaigne, considerando-o particularmente relevante para o tempo actual em que sobressai a preocupação excessiva com o acumular de informação e a respectiva métrica, em desfavor da educação para a vida boa.
Transcrevo as suas palavras:
O verdadeiro projecto educativo deveria consistir em ensinar a criança a desenvolver o seu juízo próprio. Porque a coisa mais essencial para levar uma vida boa, é saber discernir e julgar bem. A formação do juízo é indissociável do conhecimento de si: um educador deve ensinar a criança a fazer um juízo próprio sobre as coisas a partir de si própria, da sua sensibilidade e da sua própria experiência.
Isso não significa que se deva renunciar a transmitir-lhe valores essenciais à vida em comum, como a boa-fé, a honestidade, a fidelidade, o respeito do outro, a tolerância. Todavia, convém ajudar a criança a medir a importância destas virtudes a partir da sua percepção, da sua maneira de ver.
Ensinando-a a conhecer-se e a observar o mundo com um espírito ao mesmo tempo aberto e crítico, ajudamo-la a formar um juízo pessoal que lhe permitirá fazer as escolhas de vida que convêm à sua natureza.
Em suma: a educação deve ensinar a pensar bem para viver melhor.
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