Foi hoje publicado no jornal Público uma notícia sobre uma escola pública que obteve a melhor média das escolas públicas no exame nacional do 9º ano de português em 2015. O facto, só por si, já mereceria destaque neste blogue, que está empenhado em pensar a educação em Portugal.
É sempre com grande satisfação que encontro motivo para partilhar boas notícias e deixar registo de incentivos que ajudem a superar o desânimo que grassa, não sem razão, em muitos ambientes escolares.
Acresce, porém, que a referida escola apresenta características específicas que importa destacar.
É uma escola com 300 alunos que se situa num lugar remoto da Ilha da Madeira, habitado por uma população pobre que vive de uma agricultura de subsistência, sem comunicações fáceis com o meio exterior e onde não é generalizado o acesso à internet.
É uma escola com 300 alunos que se situa num lugar remoto da Ilha da Madeira, habitado por uma população pobre que vive de uma agricultura de subsistência, sem comunicações fáceis com o meio exterior e onde não é generalizado o acesso à internet.
Neste contexto, como se explica o sucesso alcançado que, aliás, não deve medir-se apenas pelos resultados obtidos em exame nacional, mas também pela satisfação, motivação e empenhamento dos alunos e dos docentes que parece verificar-se nesta escola do Curral das Freiras?
Gostaria de destacar, em primeiro lugar, a escala humana da escola, o que permite relacionamentos de proximidade e através deles a resolução fácil de conflitos de interesses (os horários das aulas casam com os horários das camionetes), a prevenção de problemas de disciplina, a maior exigência na responsabilização pessoal de cada um (alunos, docentes e outros funcionários), a adaptação do ensino às características e capacidades de cada aluno.
Fico a pensar que é urgente rever a política dos agrupamentos e mega agrupamentos onde o anonimato é regra!.
Pelo que me apercebi, através da informação veiculada pelo articulista, este sucesso vem associado a um modelo de funcionamento que propicia um projecto educativo onde os alunos se sentem estimulados a levar por diante os seus sonhos de progresso social pela via do acesso ao conhecimento, a que não é indiferente a personalidade e o empenhamento pessoal do director e da equipe docente em os tornar realidade.
Ocorre-me a ideia de que é fundamental repensar o modelo de gestão das nossas escolas, de modo a garantir projectos educativos que mobilizem alunos e docentes, promovam a exigência de toda a comunidade educativa e a sua co-responsabilização pelo sucesso comum.
Outras ilacções são possíveis e devem ser motivo de reflexão e debate.
Termino com uns respigos da entrevista ao director seleccionados pelo jornalista: Foi feita uma pequena revolução. O grau de exigência foi elevado (…). Foram ajustes simples. A escola não tem campainha. A que existia avariou, e não havia dinheiro para uma nova. Agora que há, continua sem haver toques. “Há uma maior responsabilização, e acabaram-se as tolerâncias”, explica. As turmas são pequenas, por falta de alunos e todas têm apoio inserido no horário lectivo. Não há trabalhos para casa – “os miúdos têm de ter vida para além da escola” -, e os métodos de ensino são adaptados a cada um deles. “Nem todos podem ser doutores, mas todos podem e devem sair daqui preparados para enfrentar o mercado de trabalho”, argumenta, enumerando as dificuldades que os alunos enfrentam para vir à escola. “São verdadeiros heróis.”
O artigo na íntegra pode ler-se aqui