Este é o título de um livro que não é só para quem se interessa por Filosofia ou por Género ou por ambos. É um livro que ajuda a entender o modo como vivemos e a persistência das causas que, apesar das leis e do discurso, ainda impedem as pessoas e as sociedades de “ver” os homens e as mulheres com a mesma dignidade social. É um livro sobre a construção da supremacia masculina que identifica “ser humano” com “homem”, contra a razão e apesar dela. É um livro sobre o poder deste preconceito, ainda hoje crença quase universal, estruturante das sociedades e da sua organização, a atravessar geografias, classes sociais, religiões e identidades de homens e mulheres. E é um livro sobre a resistência da racionalidade, através de “outras narrativas” sempre presentes na história do pensamento ocidental, mas que Fernanda Henriques desoculta, sistematiza e liberta, em nome da honestidade intelectual, da justiça e do bem-estar presente e futuro de toda a humanidade.
Com efeito, ao demonstrar que o preconceito que socialmente continua a hierarquizar homens e mulheres, menorizando estas, se fundou no abafamento e na desconsideração de muitas vozes, algumas quase desconhecidas mas todas sempre racionais, à autora parece ser possível e legítimo oferecer a mulheres e homens uma visão do passado que se constitua como um novo ‘espaço de experiência’ teórica capaz de gerar novos ‘horizontes de expectativa’, ... que não seja puramente utópica e sim bem enraizada em todos os acontecimentos passados que um certo cânone tem bloqueado e impedido.
Ou seja, depois deste livro não é mais possível ao preconceito escudar-se na tradição, porque ficou demonstrado que ela não foi unívoca mas apenas dominante. Houve, desde cedo, detratores e detratoras e muitas vítimas que deixaram rasto, a constituir legado, poder e base para a educação e a formação das pessoas, dotando-as de uma consciência crítica, cidadã e democrática, capaz de desafiar com êxito a reprodução dos mitos nefastos que originaram o sofrimento e a perda de milhões de pessoas ao longo dos tempos no mundo inteiro, e de reconstruir as sociedades à luz do reconhecimento de que mulheres e homens são duas variantes do ser humano, livres e iguais em dignidade, direitos, deveres, oportunidades e resultados no desenvolvimento e na qualidade de vida.
Com efeito, ao demonstrar que o preconceito que socialmente continua a hierarquizar homens e mulheres, menorizando estas, se fundou no abafamento e na desconsideração de muitas vozes, algumas quase desconhecidas mas todas sempre racionais, à autora parece ser possível e legítimo oferecer a mulheres e homens uma visão do passado que se constitua como um novo ‘espaço de experiência’ teórica capaz de gerar novos ‘horizontes de expectativa’, ... que não seja puramente utópica e sim bem enraizada em todos os acontecimentos passados que um certo cânone tem bloqueado e impedido.
Ou seja, depois deste livro não é mais possível ao preconceito escudar-se na tradição, porque ficou demonstrado que ela não foi unívoca mas apenas dominante. Houve, desde cedo, detratores e detratoras e muitas vítimas que deixaram rasto, a constituir legado, poder e base para a educação e a formação das pessoas, dotando-as de uma consciência crítica, cidadã e democrática, capaz de desafiar com êxito a reprodução dos mitos nefastos que originaram o sofrimento e a perda de milhões de pessoas ao longo dos tempos no mundo inteiro, e de reconstruir as sociedades à luz do reconhecimento de que mulheres e homens são duas variantes do ser humano, livres e iguais em dignidade, direitos, deveres, oportunidades e resultados no desenvolvimento e na qualidade de vida.
Filosofia e Género – Outras narrativas sobre a tradição ocidental vem tornar claro que à base filosófica assimétrica que recusou às mulheres um estatuto social igual ao dos homens no espaço público e aos homens um estatuto social igual ao das mulheres no espaço privado, gerando conflitos, usurpações, desequilíbrios vários e violência sistémica entre pessoas e povos, é possível contrapor, com êxito, uma base filosófica que promova a igualdade substantiva entre mulheres e homens e que, por isso, crie condições efetivas para a justiça e para a paz.
Cf.. Fernanda Henriques (2016) - Filosofia e Género – Outras narrativas sobre a tradição ocidental. Edições Colibri, Lisboa.
Maria do Céu da Cunha Rêgo
Cf.. Fernanda Henriques (2016) - Filosofia e Género – Outras narrativas sobre a tradição ocidental. Edições Colibri, Lisboa.
Maria do Céu da Cunha Rêgo